sábado, 19 de maio de 2012

Cordel "BRINCANDO DE ADVINHAR"



            Ministrando minhas aulas no projeto O Uso do Cordel na sala de Aula, notei que os alunos gostavam muito de advinhações. Passei então a utilizar cordéis de outros autores como "As Perguntas do Rei e as Respostas de Camões" de Rouxinol do Rinaré, "As Proesas de João Grilo", de João Ferreira de Lima, e outros. Notando o grande interesse resolvi escrever e apresentar perguntas autorais. As perguntas foram nascendo aos poucos, só depois de um ano é que eu tinha material suficiente para editar  um folheto. Nasceu então, Brincando de Advinhar, com 28 estrofes nas sete primeiras páginas e as respostas na oitava página. Eis a capa e algumas perguntas:
 
1
Apesar de ser pequeno
ele é muito comedor.
come, porém não engorda,
pois trabalha com vigor,
e o nome da casa dele
é o nome do morador.
(...)
6
No momento da chegada,
ou na hora do aperreio,
quando alguém precisa dela
joga fora sem receio.
Para um meio de transporte
ela serve como freio.
(...)
 8
Pra quem gosta de aprender
e também de ensinar
tenho muito pra dizer,
porém eu não sei falar,
mas até minhas orelhas
têm histórias pra contar.
9
Mando mais essa pergunta
pra você adivinhar:
─ Tenho uma grande memória,
porém eu não sei pensar,
uns me usam pro lazer
e outros pra estudar.
(...)
12
Ele vive nos quintais,
mas pode morar nas matas.
Não tem focinho nem casco,
tem pernas curtas e chatas,
mas é o único bicho
que pode ter cinco patas!
(...)
14
Ele só pertence a Deus.
É a incerteza do ser.
Ninguém sabe nada dele,
mas muitos querem saber.
Está sempre à nossa frente,
mas ninguém consegue ver.
Respostas:
1 - Cupim, 6 - âncora, 8 - Livro, 9 - Computador, 12 - O Pato, 14 - O Futuro

As estrofes estão numeradas para associar às respostas no final da página do folheto.

Para comprar este ou outros  cordéis, livros ou CD's entre em contato com o autor:
Tenho mais de sessenta folhetos autorais, o CD Cordas e cordéis, O CD Docordel à Embolada, O livro Conselhos Pra Juventude e brevemente lançarei o CD Canções de Poeta.
josé Acaci
joseacaci@hotmail.com
(84) 9951 9873



CORDEL "LAGOA DA MINHA INFÂNCIA"

            Todas as pessoas que conheço têm nas suas vivências uma lagoa, um lago ou um rio com o qual coviveu no tempo de criança, eu que nasci em Macaíba/RN. Como todos da minha idade, brinquei, joguei futebol no campinho da margem, tomei banho e me diverti muito na Lagoa das Pedras. Há poucos anos resovi visitar a lagoa da minha infância, triste com o que vi, exprimi todo meu sentimento neste cordel que apresento aqui a capa e algumas estrofes.


(...)

A água era tão limpinha,
que de cima a gente via
quando a tilápia ferrava...
dava o sopapo, subia,
dava pulo, mergulhava,
que chega a vara entortava.
e, foi não foi, escapulia.

Perdido em meus pensamentos
eu fui chegando à lagoa,
mas de longe, eu logo vi,
que a coisa não tava boa,
vi a mata derrubada,
a lagoa assoreada,
e nem um pau de canoa.

Sem crer naquilo que vi,
andei sem olhar pro chão,
e, sem querer, tropecei
num pneu de caminhão,
mas veja só como é,
o machucão, foi no pé,
mas, a dor, no coração.

O pneu fazia parte
da mudança na estrutura.
A margem verde e macia
tava seca, suja e dura.
Eu tinha na minha mente
água limpa e transparente,
tava barrenta e escura.

(...)

Resolvi ver mais de perto.
Encostei-me ao ambiente,
e vi foi saco de plástico,
camisinha, absorvente,
matérias não degradáveis,
copos brancos descartáveis,
e até cocô de gente. 


(...)

Voltei por cima do rastro,
limpando a face molhada.
Como se me despedisse
de uma pessoa amada,
faltou rima, verso e loa,
pedi perdão à lagoa,
e saí sem dizer nada.

E quando cheguei em casa,
que me sentei no galpão,
uma luz vinda do céu,
encheu-me de inspiração,
e eu senti a enxurrada,
de uma lagoa guardada
dentro do meu coração.
         FIM

Lagoa da Minha Infância
Autor: José Acaci - Parnamirim/RN
joseacaci@hotmail.com
(84) 9951 9873

sexta-feira, 18 de maio de 2012

HOMENAGEM AS MÃES



O MELHOR LUGAR DO MUNDO

José Acaci

A água morna
entrava em meu nariz,
mergulhava em meus ouvidos.

Chegava a penetrar nos poros,
mas não me sufocava.

O lugar era apertado e escuro
e eu tinha que ficar com
pernas e braços encolhidos.

Depois de alguns meses que

estava ali, abri os

olhos pela primeira vez...
não consegui enxergar nada.

De vez em quando
chutava as paredes e
sentia que havia alguém
lá fora imaginando o
que estava acontecendo
lá dentro.

A alimentação era indireta,
mas de primeira qualidade

Só restava esperar... esperei.

A espera me transformou numa
pessoa completa

No tempo marcado eu saí daquele lugar

O melhor lugar do mundo

Útero de Mãe.
 
COISA DIVINA
                   Jose Acaci

A ciência já fez clone
Já inventou herbicida
Mandou o homem pra lua
Fez bomba e fez vermicida.
Podem um milênio passar
Mas nunca vai explicar
O tal milagre da vida.

O surgimento da vida
É mistério que fascina.
Não tem ciência que explique
Nem tem doutor que defina.
Se é um milagre, a vida,
Então você, mãe querida,
É uma coisa divina.

Ser mãe é ter compromisso.
É carregar sua cruz.
Ser mãe é sofrer sorrindo.
É caminho que conduz.
É fazer do escuro o brilho. 
Por isso que ao ter um filho
Dizem que a mãe deu a luz.



SE DROGA FOSSE BACANA

SE DROGA FOSSE BACANA NÃO TINHA O NOME QUE TEM.

É o título deste folheto de literatura de cordel que tem grande aceitação dos alunos do projeto e dos estudantes em geral. O cordel, escrito em décimas de sete sílabas, foi musicado no estilo de coco de embolada e é apresentado com o refrão: Não quero saber de droga/Porque droga não faz bem/Sedroga fosse bacana/Não tinha o nome que tem.  O texto muito rico serve como fonte para reflexão sobre a questão da droga, da violência e do crime no brasil e abre espaço par a discussão e a conscientização dos alunos em relação ao não uso de drogas. Veja a capa do cordel e algumas estrofes:

Craque para mim é Zico,
Kaká, Ronaldo e Romário,
mas o craque do otário,
faz o cara pagar mico.
Fica só batendo bico,
não consegue trabalhar,
também não quer estudar,
pois não se concentra em nada.
E até a namorada
resolve lhe abandonar.

Os amigos de verdade
troca pelos viciados,
mas sabe que entre os drogados
não existe amizade.
Só existe crueldade
morte, crime e coisa feia.
E, preso naquela teia,
sabe que vai se dar mal,
ou leva um tiro mortal,
ou vai parar na cadeia.

Um conselho eu vou deixar
pra você que nunca usou:
Quem nunca experimentou
não queira experimentar”.
Pois se você aceitar,
vai perder a juventude.
Se precisar, seja rude
com aquele cidadão,
aprender a dizer “não
é também uma virtude.

Não queira ser um pamonha,
se decida a estudar,
ou então vá namorar
com o amor que você sonha,
invés de fumar maconha,
que é coisa que não convém,
siga pro lado do bem,
que você não se engana,
Se droga fosse bacana
Não tinha o nome que tem.

José Acaci
joseacaci@hotmail.com
99519873 

Iguldade Racial no Curriculo Escolar

              No ano 2008 o Governo Federal  promulgou a lei 11.465/2008, que determina o ensino, o estudo e a valorização dos conhecimentos relativos à história dos negros e índios no Brasil, como temas a serem abordados nos curriculos escolares. A Secretaria Municipal de Educação de Parnamirim me convidou a participar de um grupo de esctudos sobre o tema, e ao final dos estudos escrevi o cordel com o título citado. O folheto passou a servir como material de estudo e incentivo à leitura nas escolas de Parnamirim. Veja a capa do cordel e algumas estrofes:


A população indígena brasileira
sempre teve um papel determinante.
E a força do negro, importante,
do Brasil ela tornou-se parceira.
Essa gente foi sempre companheira,
desde os tempos da vil escravidão.
É preciso ensinar essa lição,
pra que o povo saiba que sua labuta,
seu trabalho, seu sangue e sua luta,
ajudaram a fazer essa nação.

Estatística recente nos revela,
que entre os pobres mais pobres do Brasil,
os que vivem na miséria servil,
debaixo de viaduto ou na favela,
sem ter sua comida na panela,
nem direito à escola ou a lazer,
muitas vezes sem ter o que comer,
quase sempre são Afro-Descendentes
não podemos ficar indiferentes,
e excluí-los da vida e do saber.

Este ano, uma lei foi decretada.
Dia oito de março, com afinco,
nossa lei “onze – quatro - meia – cinco” *
foi bem lida, relida e aprovada.
E depois que ela foi sancionada,
no instante passou a vigorar.
Determina que se deva implantar
nos currículos da nossa educação,
elementos da miscigenação,
pra nova consciência despertar.
Lei 11.465 de 03.03.2008

Essa lei no seu âmbito nos diz
que a ação deve ser obrigatória
dentro do conteúdo de história
e da literatura do país.
Nas artes deve ter sua raiz,
mas também se deve mencionar
em todo o currículo escolar,
entre seus conteúdos ministrados,
seus aspectos, seus rumos, seus legados,
sua cultura, seu mundo e seu lugar.

No final do cordel quero lembrar,
que depois que essa lei foi criada
a matéria passou a ser cobrada
nos concursos e no vestibular.
Se você quer se atualizar
como bom estudante ou professor,
passe agora a dar mais valor,
aprendendo e ensinando essa lição,
que estará dando pra nossa nação
uma aula de paz e de amor. 

José Acaci
joseacaci@hotmail.com
(84)99519873