Todas as pessoas que conheço têm nas suas vivências uma lagoa, um lago ou um rio com o qual coviveu no tempo de criança, eu que nasci em Macaíba/RN. Como todos da minha idade, brinquei, joguei futebol no campinho da margem, tomei banho e me diverti muito na Lagoa das Pedras. Há poucos anos resovi visitar a lagoa da minha infância, triste com o que vi, exprimi todo meu sentimento neste cordel que apresento aqui a capa e algumas estrofes.
(...)
A água era
tão limpinha,
que de cima
a gente via
quando a
tilápia ferrava...
dava o
sopapo, subia,
dava pulo,
mergulhava,
que chega a
vara entortava.
e, foi não
foi, escapulia.
Perdido em
meus pensamentos
eu fui
chegando à lagoa,
mas de
longe, eu logo vi,
que a coisa
não tava boa,
vi a mata
derrubada,
a lagoa
assoreada,
e nem um pau
de canoa.
Sem crer
naquilo que vi,
andei sem olhar
pro chão,
e, sem
querer, tropecei
num pneu de
caminhão,
mas veja só
como é,
o machucão,
foi no pé,
mas, a dor,
no coração.
O pneu fazia
parte
da mudança
na estrutura.
A margem
verde e macia
tava seca,
suja e dura.
Eu tinha na
minha mente
água limpa e
transparente,
tava
barrenta e escura.
Resolvi ver
mais de perto.
Encostei-me
ao ambiente,
e vi foi
saco de plástico,
camisinha,
absorvente,
matérias não
degradáveis,
copos brancos
descartáveis,
e até cocô de
gente.
(...)
Voltei por
cima do rastro,
limpando a
face molhada.
Como se me
despedisse
de uma
pessoa amada,
faltou rima,
verso e loa,
pedi perdão
à lagoa,
e saí sem
dizer nada.
E quando
cheguei em casa,
que me
sentei no galpão,
uma luz
vinda do céu,
encheu-me de
inspiração,
e eu senti a
enxurrada,
de uma lagoa
guardada
dentro do
meu coração.
FIM
Lagoa da Minha Infância
Autor: José Acaci - Parnamirim/RN
joseacaci@hotmail.com
(84) 9951 9873
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