CHAGAS RAMALHO |
Conhecido no
mundo da cantoria como Chagas Ramalho, o poeta repentista e cordelista Francisco
Rodrigues da Silva também era conhecido como Francisco das Chagas, ou Chico
Ramalho. Filho de Antonio Rodrigues dos Santos e Santina Maria de Jesus, Chagas
nasceu em Cuité, na Paraíba, em 1912. Muito cedo descobriu-se amante da poesia popular
nordestina, e também muito cedo descobriu-se capaz de criar e cantar repentes. Poeta
respeitado e citado em grandes antologias de cantadores como:
1 - Cantadores,
Repentistas e Poetas Populares, de José Alves Sobrinho, Paraíba/2003.
2 –
Antologia Ilustrada dos Cantadores, Francisco Linhares e Otacílio Btista, Ceará/1976.
3 –Dicionário
de Poetas Cordelista, Gutenberg Costa, Rio Grande do Norte/ 2002.
4 –
Dicionário Bio-Bibliográfico de Repentistas e Poetas de Bancada, Átila Augusto
e José Alves Sobrinho, Paraíba/1978.
Chagas Ramalho afastou-se da família paraibana
aos dezessete anos, e saiu pelo mundo com sua viola, criando seus versos e cantando
para sobreviver.
O
afastamento da família aconteceu devido ao fato do pai dele (meu avô) ter
assassinado dois homens. O primeiro caso foi resultado de uma invasão ao roçado
dele por um bando de bodes e cabras, o ataque estragou a plantação de milho e mandioca.
Indignado, o meu avô mandou meu pai ir a casa do dono dos animais e pedir
providências para evitar que voltassem a invadir a sua plantação. O recado foi
dado e a resposta foi:
“_Quem tem
que tomar providências é ele”.
Então, no
dia seguinte, o meu avô chegou ao roçado e as cabras estavam lá. Ele matou todos
os animais (entre dez e doze), colocou numa carroça e mandou deixar na frente
da casa do dono. Ao saber do ocorrido, o dono foi tirar satisfação, o que resultou
na sua morte com um tiro de espingarda. O segundo ocorrido foi devido ao fato
de um dos vizinhos ter dado uma surra num dos filhos dele, o tio Manoel. Papai
(Chagas Ramalho) junto com seus irmãos Manoel, Miguel e Pedro, foram tomar
banho de açude depois de um longo dia de trabalho pesado. Ao passar pelo roçado
do visinho, colheram uma melancia, quebraram numa pedra e se deliciaram. Amenizaram
a sede e a fome acumulada ao longo do dia. O visinho, ao descobrir o malfeito,
tirou um galho de árvore, cortou em forma de vara e foi até a beira do açude. Os
rapazes correram, mas o meu tio Manoel foi pego e levou uma surra daquelas de
deixar marcas de sangue coagulado. Ao saber dessa história o meu avô armou uma
tocaia, esperou o inimigo e o matou. Por esse motivo, desde cedo o meu pai e os
seus irmão começaram a sair de casa. Com a morte dos meus avós, o meu pai e os meus
tios ficaram com medo de tocaias ou ciladas por vingança. Começaram a sair de
casa e até a mudar de nome, como no caso do meu pai, de nome Francisco
Rodrigues da Silva, passou a se chamar Chagas Ramalho, e assim ficou conhecido
no mundo da cantoria de viola e da literatura de cordel.
Chagas Ramalho
viveu muitos anos vagando pelo mundo, cantando repentes e fazendo amizades, até
que, certo dia, passando em Macaíba/RN, conheceu uma moça de dezenove anos, bonita e viúva, de nome Maria de Freitas
Gonçalves (Dona Mariquinha). O casamento aconteceu seis
meses depois que eles se conheceram. Foi celebrado na Igreja Matriz de Macaíba,
pelo Padre Chacon, no dia 09 de março de 1953, e durou 37 anos. Desse casamento
nasceram doze filhos, dos quais sete estão vivos. São eles:
Antonio Rodrigues Neto, Maria de Lourdes
Rodrigues, Maria Clarice Rodrigues, José Acaci Rodrigues, Sebastião Aldo
Rodrigues, Leonardo Rodrigues da Silva e Hugo Rodrigues da Silva.
Apesar de
ter perdido a perna direita aos 34 anos, sequela de um acidente de caminhão,
Chagas Ramalho trabalhou até o fim da sua vida. Criou os filhos produzindo e
vendendo folhetos de literatura de cordel, fazendo cantorias de viola e
vendendo mercadorias e miudezas nas feiras de Macaíba e cidades vizinhas.
Morreu aos
74 anos, no dia 19 de junho de 1990, de infecção generalizada, causada pela diabetes,
no Hospital Municipal de Macaíba/RN.
Este material é resultado
de várias entrevistas que minha mãe, Dona
Mariquinha, deu mim, José Acaci, no mês de janeiro de 2005, na calçada de sua casa, à rua General Aluisio
Moura, 187, em Macaíba/RN.
José
Acaci
José Acaci, no óbito de Chagas Ramalho era natural de Sousa (PB), e vc afirma que ele nasceu em Cuité(PB). Qual a informação verdadeira?
ResponderExcluirPoeta José Acaci, vc afirma que Chagas Ramalho casou em 1953, quando na realidade o matrimônio ocorreu em 1952. Por que sua informação de 1953?
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